Era uma noite chuvosa quando
Verônica desceu do ônibus, por volta de 23h30min. As ruas estavam vazias e o
caminho até sua casa ainda era um pouco longo.
Caminhava distraída quando sentiu
algo estranho, uma sensação de que alguém estava a seguindo. Ela olhou
discretamente para trás e viu uma sombra, que parecia ser de um homem, então
Verônica andou mais rápido.
Cada vez que ela andava mais
rápido, o homem andava também. Ela olhava para os lados, já desesperada, mas
não havia mais ninguém além dos dois. A chuva não cessava e ela podia ouvir os
passos daquele homem pelo chão.
Verônica avistou o viaduto, e
decidiu passar por ele, pois assim algum motorista poderia ver seu desespero. O
homem ainda a seguia, os carros passavam por eles, mas ninguém pode perceber o
desespero da moça.
Neste momento ela já estava
correndo, pensando nas terríveis coisas que poderiam lhe acontecer, temia ser
morta, ou pior se fosse estuprada...
De repente, já quase ser forças
ela parou, (seja o que Deus quiser). O homem se aproximou, ela não olhou em seu
rosto, podia sentir sua respiração ofegante, as mãos dele percorreu seus
braços.
Quando achava que estava tudo
perdido, ela o viu vulnerável e num impulso o empurrou de cima do viaduto, o
corpo do homem acertou o chão, fazendo um tremendo estrondo.
Desesperada, Verônica se
aproximou do parapeito e olhou para baixo. O corpo estava totalmente
ensanguentado, caíra voltado para cima, só então ela pode ver o rosto
daquele homem.
Ele aparentava ter uns trinta
anos, era moreno, mas o que mais a espantava eram os olhos negros, olhos que a
encaravam, que a acusavam, que diziam: “Assassina! Assassina! Assassina!”.
Ela ficou parada, ainda sem
acreditar. Como pode, uma garota tão simples, tão comum, cometer um crime
desses? Ela, que até a pouco estava com medo de morrer, acaba causando a morte
de outra pessoa.
Saiu correndo, chegou a
casa, e foi tomar um banho. Esfregava seu corpo como se precisasse se
livrar do cheiro da morte. Sua mãe, estranhando as atitudes da filha, foi interrogá-la.
Chorando, ainda de toalha
agachada ao lado da cama, Verônica olhou nos olhos de sua mãe e disse: “Sou uma
assassina!”. Ela não entendeu, mas a garota contou o ocorrido.
Sua mãe ficou horrorizada, mas
não poderia entregar sua filha, então disse: “Filha, ele se jogou, pra quem
perguntar, diga isso”.
No outro dia não pode sair de
casa, sentia o homem a seguindo por todos os lados, via seu vulto em cada cômodo
da casa. Todos os dias desde então. Todas as noites quando apagava as luzes
podia sentir sua respiração ofegante.
Ele estava em seus sonhos, ela o
via ali caído, olhos negros a fitando e uma voz sussurrando “Assassina...
Assassina... Assassina!”.
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