segunda-feira, 26 de março de 2012

Venha ver o nascer do Sol


Sexta-feira à noite, tantos planos, muita correria até que a loucura do cotidiano chega no seu fim. Nada me tira da cabeça... eu preciso ver o mar.

Ligo pro meu amado, conto da minha idéia e o convido a pegar a serra e ver o nascer do Sol. Ele me chama de louca, mas aceita.

Levando apenas uma garrafa de água e algumas peças de roupas, seguimos os nossos caminhos. A viagem é longa até a praia ideal.

Ao chegar no local, ainda durante a noite, deitamos na areia, de fundo apenas o som das ondas, o cheiro da maresia nos deixa em êxtase.

Entramos no mar... Ah o mar! Por que és tão maravilhoso, seu gosto salgado nos deixa sempre mais leve, tranqüilo. Ficamos lá como se fosse somente nos e o mar e nada mais no mundo. Acima de nós, só a lua e o céu estrelado. “- A alegria era uma fatalidade”

O amanhecer bate a porta, o céu começa a se arroxear levemente. A cada minuto o tom avermelhado se misturava mais e mais com o roxo. E logo a lua se despede, e no lugar dela vem o Sol, aquecer levemente nossa pele, nos dando um leve arrepio.

Ficamos até a manhã se fazer completa. Completei meu devaneio.

Somos nós, eu ele o mar e um infinito de sentimentos

quarta-feira, 21 de março de 2012

Café

Todo o dia antes do despertar do relógio já sabe a hora de levantar pelo aroma. Ah! O aroma de café pela manhã, não há, talvez, perfume mais delicioso.

Quando finalmente me levanto, tomo meu banho, vou o mais rápido possível para a cozinha tomar meu café da manhã. Lá minha mãe, fazendo seu famoso café, digo famoso porque não há quem tome e queira repetir a dose.

Despejo o ouro negro na xícara, cheiro-o lentamente, deixo aquele aroma me tomar fazendo com que eu entre em um estado de êxtase, pego uma colher e mexo lentamente dando-lhe a dosagem certa de açúcar, fico nessa, praticamente flertando com a bebida antes de prová-la.

Finalmente encosto em meus lábios a xícara quente, assopro lentamente como quem quase beija um grande amor, e tomo o líquido. Delicio-me com aquele sabor como se tomasse o mais caro dos vinhos.

Esta bebida que é um pouco amargo e um pouco doce, como a minha vida, e ao mesmo tempo ele nos conforta, como um abraço quente e saboroso.

Enquanto a manhã vai passando repito a cena algumas vezes, mas garanto que a cada vez que repito a cena sinto igual sensação.

O dia finalmente toma seu rumo, os compromissos batem a porta, tenho que correr, mas antes mais um cafezinho.

 (CCCG)

domingo, 18 de março de 2012

O Grito

É estranho tentar escrever coisas tão belas, quando sua realidade não mostra coisas tão belas assim.

Muitas vezes trancada em meu quarto posso sentir  que realmente é solidão. Não há meios tecnológicos que tire de mim essa sensação.

Meus dias se passam e eu continuo pisando em ovos, como uma pedra que me prende no fundo do lago.

Eu não consigo sair, não consigo fugir então me tranco em mim.

Nada se realiza como quero, os otimistas dizem que isso faz com que demos mais valor, pra mim é apenas dificuldade mesmo. Se fosse assim por que tem tanta gente que tanto sem batalhar nada e as coisas continuam tendo o mesmo sabor.

Meus dias passam, eu envelheço, envelheço ainda mais rápido que o natural. A vida me caleja, deixa marcas que talvez nunca cicatrizem, dores que nunca acabam, lembranças que nunca serão esquecidas, magoas que nunca passarão.

E eu apenas empurro, aceito, engulo, deixo passar e cada dia que passa esse sufoco se torna maior, meu peito se aperta mais, o grito chega mais perto da garganta. Me seguro, não posso deixar com que meus sentimentos apareçam.
E continuo trancada dentro de mim.

quarta-feira, 14 de março de 2012

O Sono


Sinceramente nunca senti em mim à vontade de ter um filho, nunca fui de me apegar à criança nenhuma, muito embora sabia que, quem sabe um dia, teria que pensar sobre o assunto. Até que este dia finalmente chegou, muito antes do que eu imaginava.

Era um sábado ensolarado como tantos outros, toda minha família iria trabalhar e alguém precisava cuidar da minha sobrinha, atendi ao pedido de minha mãe e fiquei com ela.

Sinceramente foi um dia cansativo, corria de um lado pro outro atrás daquela coisinha, nunca imaginei a quantidade de fraudas que uma criança usava em um dia (são muitas).

Depois de muito correr atrás da pequena percebi que ela já estava sonolenta, cansada e numa iniciativa quase que instintiva tomei-a em meu colo, ela se acomodou e fixou os olhos em mim, não sei o que aconteceu comigo, mas quando dei por mim já estava cantarolando baixinho, sinceramente não entendi o por que, mas senti essa vontade.

O tempo passou e ela, finalmente, caiu no sono, foi a minha vez de fixar os olhos naquele pequeno ser, não conseguia parar de olhar. Seu sono era profundo e tranqüilo, como um anjo que adormeceu em um travesseiro feito de nuvens. Deliciei cada momento daquele sono acariciando cuidadosamente seus cabelos, com todo cuidado para não incomodá-la, como se no mundo não existisse mais ninguém além de nós.

Horas e passaram e eu ali admirando aquele pequeno ser, pensando em como ela seria quando crescesse? O que ela iria querer estudar? Qual seria sua profissão... Aquilo começou a me preocupar, e se desse tudo errado?  Se ela sofresse? E se não alcançasse seus sonhos?

Quando percebi, estava pensando como se ela fosse minha filha...-E se fosse?

De repente ela acorda, então pensei “poxa que pena, durou tão pouco”. Fiquei ali ansiosa esperando o próximo sono.