quinta-feira, 31 de maio de 2012

Por você

Aproveitei cada sorriso seu
Chorei a cada lágrima que derramou
Me machuquei cada vez que vi alguém lhe fazer mal
E dei valor a cada um que te ajudou

Quis estar em seu lugar para não te ver sofrer
Também quis que estivesse em todos os sorrisos meus
Queria que o mundo estivesse ao seu querer
Para que os momentos bons fossem teus

Queria apenas te ver feliz
Mesmo quando eu não estava
Ver que tudo saiu como você quis
Enquanto eu chorava

Um dia o mundo vai me entender
Que ser mãe vai além do nome
Vai além do que se chama amor
Vai além do bem querer

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Por que escrevo?


Escrevo por que escrever me deixa mais feliz, mais mulher, mais humana.

Escrevo por que as letras são meu calmante para as noites de angustia e insônia.

Escrevo para acalmar meu coração nos dias de paixão que não o tenho ao meu lado.

Escrevo, pois meus textos são como um lenço que enxuga minhas lagrimas.

Escrevo para saciar minhas vontades, meus sonhos, mostrar o meu mundo.

Cada letra é um misturado de suor lágrimas e excitação.

Escrevo por que as palavras brotam de meus poros como algo que precisa se libertar.

Escrevo para ser um pouco mais do mundo, e fazer do mundo um lugar um pouco mais meu.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Marias que choram


Maria começou a vida cedo, vinda de pais que já não se amavam mais, de erros dos outros.  

Começou a fumar com onze, e com onze largou a escola, preferiu trabalhar. 

Com quatorze, depois de muita tristeza conheceu o que seria a solução de seus problemas. 

Engravidou aos quinze anos, e aos quinze anos sentiu a dor de ver um filho morrer (ela era prematura). 

Com dezesseis engravidou novamente, era um menino, seu marido a deixou sozinha e foi comemorar com os amigos. (ela não era digna de poder comemorar). 

Enquanto via seu filho chorar, chorava junto a solidão por ver seu marido trocando o lar por uma garrafa de pinga. 

Com vinte já tinha visto sua mãe ser abandonada por outra família, mas seu pai voltou. Ela experimentou o gosto de perdoar quem amava. 

Ainda aos vinte anos quase viveu a primeira viuvez, e pela primeira vez olhou para o céu e pediu por alguém que havia a feito chorar. (Deus ouve palavras sinceras)

Aos vinte e quatro anos engravidou novamente, dessa vez por opção, uma menina, a menina que tanto queria.

As coisas não mudaram de imediato, e conforme o combinado daria a criança o nome da santa que a ouviu.

Novamente se viu sozinha, o marido comemorou o outro nascimento junto à garrafa.

Por diversas vezes chorou encima do prato vazio, a falta de dinheiro, a solidão que o marido a deixava.

O marido parou de beber ela já tinha mais de trinta, mas ficou novamente desempregado, dessa vez por muito tempo, tempo demais, e ela carregou sozinha a casa nas costas.

No natal, ainda depois dos trinta anos, experimentou pela primeira vez a miséria de não ter o que dar para seus filhos comerem na noite de natal, mas como todo mundo que é bom, tem um anjo. Esse anjo veio em forma de cunhado, que lhe deu o que comer para o mês inteiro. (foi o melhor presente que alguém poderia ter dado).

Seus filhos cresciam, e ela ficou sem seu pai, a dor foi insuperável. (não só pra ela)

Após os quarenta viu outro de sua família cair no vício maldito, dessa vez a dor foi grande, seu primogênito. (parecia estar condenada a essa maldição)

Por mais que ele dissesse que não faria novamente isso se repetia, ela batia, chorava, conversava, mas de nada adiantou.

Aos quarenta e seis foi avó pela primeira vez, embora seu filho não tenha escolhido uma boa mãe para sua neta, ela era imensamente grata, a pequena trouxe novas esperanças.

Viu sua filha se formar, experimentar seu primeiro vestido de noiva (a filha realizou o sonho da mãe).

Mas ainda sofria pelo filho que não tomara jeito. Ela ainda chora por ele, pelo que não conseguiu, pelo que não realizou.

Só queria enxugar as lágrimas dessa Maria.



Essa é só a história de uma das várias Marias que choraram.

sábado, 12 de maio de 2012

Mais um mundo de cinzas



Era mais uma mulher perdida de desejo, uma adolescente sem regras, uma menina cheia de sonhos a olhar para o céu estrelado.

Cheia de duvidas e certezas não entendidas.

Só queria um bom motivo para acordar no dia seguinte. Talvez encontrar o rosto da pessoa amada, receber o abraço do filho, tomar o café preparado pela mãe, mas os motivos não existiam.

O que existia era um quarto vazio de calor humano, apenas com seus moveis frios que a puxava para o mundo de sua realidade.

Pelas ruas procura por um sorriso, por um céu um pouco mais azul, mas seu mundo era cinza e como cinzas ela passava pela vida das pessoas.

Ela entrava no ônibus, olhava em sua volta e via todos presos em seus mundos com seus celulares, livros, sonos, ocupados demais para reparar em seus olhos tristes e cabisbaixos.

Já não entendia por que existia, qual era a diferença do mundo sem sua existência, afinal não era digna nem mesmo de um sorriso.

A cada dia isso a corroía mais, até o momento em que se trancou em seu mundo, já não esperava mais por nada, já não olhava a sua volta, não fazia mais questão.

Mergulhada em seu mundo de nada, não reparou que alguém a olhava, esperando um sorriso seu, um outro mundo de cinza, procurando cores no próximo para ter um motivo para se levantar por mais um dia.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

O dia em que eu morri


Sexta-feira à tarde, eu estava empolgado para viajar, mais empolgado que de costume. Sentia um frio no estomago, uma ansiedade sem tamanho, algo certamente estava para acontecer.

Entrei no carro com meu pai e meus primos, sentei-me no banco traseiro. Estávamos eufóricos, chovia muito naquele dia, mas isso nunca me assustou.

O caminho era considerado perigoso, mas passei por tantas vezes por ali, jamais pensei que aquele seria o ultimo caminho que eu iria fazer.

Um carro prata fez uma ultrapassagem perigosa, e com aquela chuva o motorista perdeu o controle e nos acertou em cheio.

Vi o carro rodar, não entendi muito bem o que estava acontecendo, quando finalmente o carro parou. Ele parou de cabeça para baixo, senti uma dor sem tamanho, mas não sabia ao certo onde era.

Passei a pensar na minha vida (eu não posso partir!), tenho tantos planos ainda, tantas coisas, tantos abraços que posso dar... tantos beijos... Eu não lembro a ultima coisa que disse a minha mãe antes de partir, só queria dizer a todos um ultimo “Eu te amo”.

Agora a dor aumentou, já não consigo pensar com clareza, lembrei-me dos filhos que não cheguei a ter, pensei na minha esposa com quem não cheguei a me casar, me preocupei em chegar atrasado ao trabalho que eu não havia conseguido...

A dor chega a ser quase insuportável ao ponto de parar de pensar em tudo isso, pensei apenas no momento em que a dor iria parar.

Senti algo escorrendo pelo meu rosto, era sangue, olhei pelo retrovisor do carro, fiquei desesperado... Aquele sangue era meu! Olhei para meu pai, e naquele momento pude escutá-lo, ele gritava o meu nome e eu quase sem forças respondi “-Oi pai”.

Uma pessoa agarrou a minha mão, e escutei-a fazendo algumas orações, aquilo me acalmou, mas a dor apenas aumentava, ouvi as sirenes (finalmente os médicos chegaram agora a dor vai acabar).

A mulher continuava orando e naquele momento eu me perguntava “-Por que Deus?” “- Eu ainda não quero ir”, de repente soltei a minha ultima palavra “Jesus”.

A dor foi passando, nesse momento quase não sentia nada, escutava tudo tão longe, começou a escurecer tudo, agora já não sentia mais dor (Deus, finalmente, me escutou).

Fechei os olhos e sonhei com o céu. Estava em casa