sexta-feira, 6 de abril de 2012

O velho e o tempo


Em uma dessas tardes onde o cigarro é a única companhia, entre um trago e outro me deparei com uma imagem que me prendeu a atenção.

A imagem era a de um senhor idoso na praça onde eu estava. Uma imagem que para muitos, até então, não chame tanto a atenção. Mas eu não consegui desviar o olhar dele.

Ele se sentou com uma sacola plástica na mão, dentro dessa sacola havia alguns grãos que eu na conseguia definir exatamente o que era.

Com o olhar perdido no alto das árvores com suas mãos enrugadas pelo tempo agarrava e despejava os grãos pelo chão. Ele olhava as arvores como quem esperava uma resposta divina.

O velho tinha um olhar inocente, porém traços de tristeza e solidão que o tempo havia deixado como marcas em seu rosto já bem cansado.

E todo esse tempo ele não percebeu que eu o fitava com os olhos, mas admito que em alguns momentos eu desviava o meu olhar, para não incomodar aquele momento, para que ele não sentisse a minha presença.

A solidão daquele homem me atormentava . Imaginei-me em seu lugar, com suas dores, cheguei a sentir o ar da morte batendo em meus cabelos.

Naquele momento comecei a pensar em diversas denominações para aquele tempo ingrato que tirou o brilho e a juventude daquele homem.

Entre as denominações, imaginei que o tempo poderia ser uma criança levada, que vem, brinca e depois se vai sem ao menos se despedir. Mas senti que essa não era a explicação certa.

Ainda com o olhar perdido nas atitudes do homem continuei imaginando o que seria o tempo. Cheguei em outra explicação.

Agora o tempo seria uma vadia barata que enlouquece e cega o homem e depois se vai deixando apenas os sonhos não alcançados, a tristeza e as lembranças boas de se vão junto com ele. Ainda não estava convencida com as minhas explicações.

Enquanto continuava com a insistente explicação, vejo que o senhor se levanta, sacode sua roupa, para se livrar da sujeira do assento, arrumou a sacola e, ainda sem  perceber o meu olhar, foi andando até se perder no horizonte.

Nesse momento eu soube a verdadeira descrição para o tempo. O tempo era aquele senhor. Que vem, você vive intensamente, ele te deixa com dúvidas, tristezas e depois se perde no horizonte nos deixando apenas a solidão.


CCCG

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