quarta-feira, 4 de abril de 2012

Discos na estante


           Pessoas inesquecíveis nos marcam para o resto da existência como uma tatuagem na pele.
Os melhores dias da minha vida foram durante a minha infância, que foi marcada por uma pessoa assim, mas infelizmente pessoas boas se vão cedo (acho que Deus escolhe sempre os melhores).
          Um dos meus momentos mais incríveis foi aos sete anos, quando eu e meu avô ficamos juntos na porta da escola. Ele dizia que veríamos um acontecimento magnífico que acontece a cada cinqüenta anos (O eclipse total do Sol). Sinceramente o que foi mais lindo não foi o eclipse, mas a pessoa que estava ao meu lado.
         Lembro que eu subia em seus pés e nós bailávamos na casa enquanto Johnny Rivers repetia a pergunta “Do you wana dance?”. O mundo era todo nosso.  
Ele era o rei do meu castelo, o herói que sempre me salvava, o sábio filosofo que me ensinava sobre a vida. 
             Tenho saudade daquele olhar de bravo que me intimidava (ele nunca precisou dizer nada), de quando eu não precisava fazer nada e ser notada. Só queria ter tudo outra vez, seria tudo tão diferente...
           Ele poderia ter enxugado mais lagrimas, ter evitado mais tombos, velado mais sonos, ter brigado mais por mim e dizer que estou certa mesmo estando errada, me repreendido mais...
           Perdê-lo foi uma das maiores dores da minha vida, mas as feridas se tornaram apenas cicatrizes, lembranças de um tempo em que os monstros entravam embaixo da minha cama.
            Minha infância estava nele, hoje restam apenas os discos que ele deixou na estante e uma saudade sem tamanho.

             “Faz um tempo eu quis, fazer uma canção pra você viver mais” (Canção Pra Você Viver Mais – Pato Fu)

Nenhum comentário:

Postar um comentário